Dificuldade para
atingir o orgasmo
Um terço das
brasileiras nunca chegou lá. As causas podem ser emocionais,
culturais, até físicas, como deficiência hormonal e diabetes. Mas uma das
razões mais comuns é o desconhecimento do próprio corpo. "O prazer sexual
não é instintivo, tem de ser aprendido", diz Nilva Ferreira de Andrade,
responsável pelo Ambulatório de Sexologia da Unicamp. Boa parte das mulheres só
alcança o clímax com estimulação clitoridiana, não vaginal - daí a dificuldade
de muitas em conseguir só com penetração. Apenas quem conhece o que funciona
para si, e com quais carícias, pode mostrar ao parceiro o que fazer na cama.
Outra hipótese para a queixa é uma nada rara dificuldade para reconhecer o
orgasmo. "Há uma apologia, o que cria ilusões", afirma Nilva."É
uma resposta involuntária do corpo, com contrações musculares que duram até dez
segundos."
Preliminares muito
rápidas
O descompasso é
clássico. Eles almejam a penetração desde o primeiro beijo e elas querem
carinhos caprichados e prolongados. Para entender as razões desse
desencontro, é preciso considerar que o maior medo masculino na hora H é perder
a ereção - a disfunção erétil é o que mais leva os homens a procurar ajuda.
Assim, eles encaram como um risco preliminares demoradas.
Já as mulheres veem essa etapa da transa como um aquecimento
prazeroso e necessário. "Pesquisas mostram que elas demoram até 15 minutos
a mais do que o parceiro para se sentirem prontas para a penetração",
explica a psicóloga Lucia Pesca, coordenadora do Instituto Ceorvi. A melhor
maneira de contornar essas diferenças, segundo os especialistas, é tornar a
fase inicial das transas mais interessante também para eles. "Nesse
sentido, fazer sexo oral, por exemplo, é uma boa medida", afirma
Nilva, da Unicamp.
Falta de criatividade
A expectativa é de que
ele tire da cartola novas posições e carícias, outros locais, situações
diferentes, mais e mais ideias excitantes. Mas as mulheres reclamam
que o script na cama é sempre igual. Ocorre que, em geral, os homens acham que
está tudo bem até ouvirem o contrário. Mas, se a respectiva parceira se arrisca
a dizer algo, eles nem sempre veem a reivindicação por novidade como algo
positivo. "Quando, na busca por mais prazer, a mulher pede ‘atualizações’
na transa, muitos ainda entendem isso como um sinal de que não são
suficientemente bons de cama ou não sabem mais satisfazê-la", analisa
Lucia, do Instituto Ceorvi. Para evitar mal-entendidos, a dica é prestar
atenção no tom dos pedidos - que não podem parecer reclamação, crítica ou
julgamento ao desempenho dele. Uma saída é cavar novidades sem pedir nada
diretamente. "Insinuar e sugerir são os melhores meios", opina a
expert. Principalmente se o parceiro tem perfil conservador. Vale contar um
sonho erótico, uma fantasia ou mostrar e ver com ele imagens ousadas. É um
caminho um pouco mais longo, mas dá certo.
Ele só pensa em
transar
Frequentemente,
mulheres em relacionamentos longos reclamam que o marido só se aproxima e dá um
beijo ou faz carinho quando quer sexo. Nesse caso, os especialistas
sugerem que se faça uma autoavaliação. "Normalmente, depois de ter filhos,
a mulher deixa de cuidar da vida sexual do casal, que vai perdendo a
intimidade", afirma Nilva, da Unicamp. Com o afastamento, os parceiros podem
perder seus referenciais e começar a interpretar de forma equivocada os atos do
outro. "Às vezes, o homem só quer atenção, um carinho mesmo, e é logo
renegado, porque seu gesto é lido como um convite para o sexo",
pondera Nilva. O importante é a mulher ter cuidado para, com essa atitude, não
reprimir as manifestações de afeto do marido, ainda que não consiga
retribuí-las - e, se isso já está em vias de extinção na relação, arregaçar
já as mangas para reverter o quadro. Como? Não tem mágica: é preciso
criar momentos agradáveis no dia a dia, em que a pretensão não seja sexo.
Ver um filme juntos, sem as crianças, fazer um jantar só para os
dois, apenas conversar... Tudo isso dá frutos também na cama.
Falta de interesse por
relações sexuais
O ritmo de vida
costuma ser o maior inibidor do desejo quando alterações hormonais,
como as que, em geral, acontecem na gravidez, amamentação, climatério
e menopausa, já foram descartadas. As exigências profissionais, os
cuidados com os filhos, as tarefas em casa, as preocupações
com dinheiro, os compromissos sociais e até a situação do relacionamento roubam
mesmo a energia sexual. "A principal orientação nesse caso é passar a
erotizar a relação, começando por pensar mais em sexo e arranjar
meios de trazer mais esse universo para o dia a dia", conta a
ginecologista Carolina Ambrogini, coordenadora do Projeto Afrodite da Unifesp.
Vale tudo: ler contos eróticos, alugar um canal para adultos, entrar em
blogs sobre sexualidade ou simplesmente conversar com as amigas sobre o
tema. E a dica extra é não deixar a intimidade com o parceiro
relegada às últimas horas do dia, quando a única coisa que se quer é
abraçar o travesseiro. A satisfação sexual é importante a ponto de exigir
planejamento. Se criar momentos de relaxamento e privacidade, a energia tende a
voltar.
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